O comportamento climático durante a campanha trigueira 2017-2018 se descreve utilizando mais uma vez um método para calcular as reservas de água no solo e suas anomalias. Estas últimas que chamamos de "Classificação de Umidade do Solo" se calculou como média mensal durante todo o ciclo do trigo, embora venha de uma análise diária e expresse o grau de afastamento das condições habituais para cada região e período do ano. A classificação de umidade é um adequado indicador climático, pois resume o comportamento das variáveis climáticas mais relevantes tais como as distribuições espaciais e temporais das chuvas e sua interação com a evapotranspiração que por sua vez depende da temperatura do ambiente, da radiação solar, do vento e da umidade atmosférica.
Os mapas, utilizados em forma operativa e para qualquer período de tempo, neste caso são mensais e contém uma subdivisão política por departamento que pode ser associada às conhecidas zonas trigueiras do país, representando aqui só as províncias pampianas. A apresentação da sequência de mapas de classificação de umidade do solo e a descrição do seu comportamento permitem ao leitor ter uma ideia clara de qual foi a evolução climática da campanha trigueira, levando em conta que as considerações agronômicas são descritas em outro apartado desta publicação. É preciso esclarecer que não sempre as condições habituais ou normais são as mais adequadas para o cultivo em todas as regiões e períodos do ano. Assim, durante o inverno e começo da primavera, as condições normais poderiam resultar hidricamente deficitárias em regiões localizadas no oeste e noroeste da área como a região trigueira V Norte. No entanto, essas mesmas condições poderiam estar representando situações de certo excesso de água em solos do centro leste e sudeste da região trigueira.
MAIO 2017
As médias de umidade edáfica apresentaram um pulso
úmido no oeste da região pampiana, uma situação muito seca no norte de Córdoba e condições normais em quase
toda sua parte leste (Santa Fe, Buenos Aires e Entre Ríos).
JUNHO 2017
As chuvas do início de inverno estiveram muito acima
das normais nas zonas onde se indicam os excessos e no resto da região houve
umidade edáfica normal, exceto na região central da Província de Córdoba..
JULHO 2017
O mês de julho se caracterizou por ter condições de
umidade edáfica semelhante às de junho por causa dos padrões normais de chuvas
típicas do período invernal. Já neste
mês, La Niña foi de intensidade baixa
e esteve instalada no Pacífico Equatorial Central e seus efeitos deviam se
acoplar às circulações atmosféricas regionais na Argentina.
AGOSTO 2017
Claro excesso de umidade edáfica na Província de Entre Rios devidos a um muito bom
ingresso de umidade atmosférica do Oceano Atlântico e passagem de sistemas
frontais. O resto das regiões dispunham de umidade edáfica aceitável para o
desenvolvimento do trigo.
SETEMBRO 2017
Visto que este mês é muito importante do ponto de
vista climático para o trigo, produziram-se chuva por cima do normal que
provocaram os excessos observados nos diferentes setores do mapa.
OUTUBRO 2017
Muito interessante a situação de transformação da
umidade edáfica a respeito do mês anterior. Só uma pequena região de Santa Fe se manteve com excessos e no
resto atingiram valores aproximadamente normais.
NOVEMBRO 2017
O pulso seco que começou a se insinuar durante o mês
anterior continuou e não precisamente pelo efeito de La Niña, que geralmente provoca muito poucas chuvas. O maior efeito se deveu à instalação de
sistemas de alta pressão no Atlântico e nos níveis médios de altura na
atmosfera que gerou uma espécie de bloqueio ao ingresso do sistema de baixa
pressão que gerou chuvas. É importante observar que os núcleos
trigueiros do sudeste bonaerense não foram atingidos pela importante diminuição
de condições de umidade do solo.
DEZEMBRO 2017
Exceto no extremo sudeste da Província de Buenos
Aires, que conservou adequada umidade, o resto das províncias pampianas
resultaram muito castigadas por uma importante seca que teve um impacto
negativo muito forte nos cultivos de verão.
JANEIRO 2018
O cenário climático resultou adequado para a colheita
do trigo e concluiu em uma campanha onde predominou uma das secas mais fortes
dos últimos anos nas regiões produtoras de grãos.
MAIO 2017 | JUNHO 2017 |
JULHO 2017 | AGOSTO 2017 |
SETEMBRO 2017 | OUTUBRO 2017 |
NOVEMBRO 2017 | DEZEMBRO 2017 |
JANEIRO 2018 | |